Arquivo do mês: maio 2013

A Morte do Rock’n Roll

O rock como amamos morreu

por Victor Moletta

Quero começar este texto pedindo desculpas. Se você, como eu, acredita que o rock é o melhor de todos os gêneros musicais, parabéns! E sinto muito, porque o rock morreu! E eu vim aqui hoje para enfiar isso nessa tua “cabeça dura” de vez.

Não adianta, o rock nunca mais voltará a ser o mesmo que foi dos anos 60 aos 80. Eu sempre achei que um dia, alguém apareceria com uma banda incrível e o rock renasceria. Ou que grandes nomes ainda vivos (Paul McCartney, Elton John, Eric Clapton, os irmãos Van Halen, Bruce Dickinson…) pudessem trazer tudo aquilo de volta. Mas não dá. O bom rock – o rock de verdade que eu aprendi a amar – morreu e não tem volta.

Quer saber o motivo? Simples: o rock não era somente a música. Não era simplesmente a maravilhosa guitarra de Jimi Hendrix, a voz incrível de Robert Plant, a bateria sensacional de John Bonham ou o baixo de John Entwistle que nos fazia implorar por mais. Não se tratava apenas do som sem igual do Metallica, ou das excepcionais músicas do Pink Floyd. Era muito mais que isso. O rock foi o que foi graças às lendas que giravam em torno dele.

Isso mesmo: LEN-DAS. Não tá entendendo, né? Eu explico. Mas tenho que recomeçar o raciocínio.

Esse tema já cozinhava na minha cabeça há algum tempo. Uns dias atrás, lendo o ótimo blog Papo de Homem, achei um texto sobre Lead Belly, de Luciano Ribeiro (você pode encontrá-lo na íntegra aqui no link no fim do texto) que começa assim:

“Esta história é de um período quando não havia iPhones para registrar cada passo com uma fotografia. Simplesmente não havia Google para checar informações. Muito do que uma pessoa fazia na vida caía no esquecimento ou virava boato. Se você fosse digno de fazê-los ganharem força por um certo tempo, estes boatos transformavam-se em lendas.”

E pronto! Eu tive uma epifania: o que matou o rock foi a velocidade de informação.

Se você perguntar a um fã mais antigo da banda Rolling Stones sobre Keith Richards, provavelmente vai descobrir algo intrigante: no começo dos anos 70, antes de uma excursão pela Europa, ele teve que fazer uma transfusão de TODO o sangue de seu corpo por conta do abusivo uso de drogas, entre elas a heroína.

Com uma pesquisa um pouco mais aprofundada, você vai descobrir que os integrantes da banda Led Zeppelin eram todos praticantes de magia negra e rituais satânicos, principalmente o guitarrista Jimmy Page, que assumiu seu interesse por ocultismo e pelos ensinamentos de Aleister Crowley, chegando até a comprar o castelo que pertenceu ao mesmo. Tudo confirmadíssimo pelo livro Fallen Angel de Thomas Friend.

Falando em satanismo, a música Hotel California dos Eagles na verdade trata da história de uma igreja abandonada, e depois dominada por satanistas. Isso com certeza explica alguns versos da música como a besta que eles apunhalavam, e o fato de tudo ser tão lindo, mas na verdade uma prisão.

Nos anos 1930 Robert Johnson, um dos bluesmen mais influentes da história, vendeu a alma em troca da virtuosidade no violão. Aos 27 anos, chegou a hora de ele pagar o preço. E assim começa uma das maiores lendas do rock: O Clube dos 27, um grupo de artistas que faleceram aos 27 anos em circunstâncias perturbadoras e, às vezes, inexplicáveis. Entre eles estão Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Brian Jones, Kurt Cobain e recentemente o clube ganhou mais um membro: Amy Winehouse.

Todo mundo sabe que quem matou John Lennon foi Mark Chapman, mas o que as pessoas não sabem é que o crime foi encomendado pela CIA. Membros de extrema-direita do governo dos Estados Unidos consideravam o cantor um extremista e uma influência subversiva à juventude americana. E, pra confirmar, em 2004 o serviço secreto britânico ligou Lennon ao Exército Revolucionário Irlandês, o IRA. Chapmann teria sido submetido ao programa de controle mental da CIA o que explica as vozes que ele clamava ouvir, segundo ele “vindas diretamente do inferno”. Tudo isso pode ser confirmado no livro Who Killed John Lennon? de Fenton Bresler.
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O pai da minha ex-namorada, sempre que podia, criticava meu gosto pelo rock dizendo que o “primeiro” rockeiro, Alice Cooper, havia feito um pacto com o demônio, no qual Belzebu teria dito a ele para usar maquiagem e nome de mulher, para lançar seu sucesso. “O primeiro” porque foi a banda dele que lançou a roupa preta e algumas excentricidades que sabemos existir nos palcos de rock’n roll.

Não sei se meu ex-sogro se sentiria triste se eu contasse que, na realidade, Alice Cooper era o nome da banda da qual Vincent Damon Furnier fazia parte, e que ele só adotou o nome da banda como seu nome artístico quando lançou carreira solo porque já era conhecido assim pelos fãs. E os elementos teatrais eram o que haviam dado popularidade à banda. Logo, nada mais sensato que mantê-los. E aqui acabou a primeira lenda: o pacto com o demônio.

Eu só sei de tudo isso porque fui pesquisar pra tirar toda aquela história que eu ouvia a limpo. Graças à Internet. Agora diz aí, se tivesse Wikipedia em 1975, você acha que a lenda do pacto teria se propagado? E sem isso, teria Vincent “Alice Cooper” Furnier feito todo o sucesso que fez?

Se tivesse Google lá em 1973, você acha que as pessoas acreditariam que Gene Simmons teria implantado uma língua de vaca cirurgicamente? E alguns anos depois, em 1977, quando a empresa Marvel (aquela dos Vingadores, sabe?) lançou uma história em quadrinhos sobre a banda Kiss, será que as pessoas levariam a sério o boato gerado pela própria Marvel de que na tinta vermelha usada na impressão da graphic novel havia amostras de sangue do próprio Gene “Língua-de-Vaca” Simmons e seus três companheiros?

Sabe o que teria acontecido se um fã tivesse um iPhone durante o show da turnê Noite Dos Mortos-Vivos no qual Ozzy Osbourne mordeu a cabeça de um morcego? Ele teria postado no facebook um vídeo onde o cantor passava mal, o show era interrompido, Ozzy socorrido e levado para o hospital. E ainda colocaria a seguinte frase na postagem: “Vocalista retardado tenta manter a pose de ‘Príncipe das Trevas’ e se dá mal!”

O que seria de Marilyn Manson se ele não tivesse arrancado as costelas para praticar sexo oral em si mesmo? Imagina se Elvis tivesse mesmo morrido – na verdade ele forjou a própria morte pelo cansaço da vida de famoso e está vivo e bem, aproveitando sua fortuna em algum lugar do Pacífico. E a melhor de todas: Paul McCartney morreu em 1966 em um acidente automobilístico e foi substituído por um sósia pelos integrantes dos Beatles. E várias pistas na capa do álbum Abbey Road (aquele em que eles estão atravessando a rua) e em várias das músicas da banda pós-1966 confirmam isso.

Eu confesso que até começar minha pesquisa para esse texto acreditava que o baixista do Kiss teria cortado o freio da língua ou feito algum tipo de cirurgia – nada tão drástico quanto o implante bovino – que aumentou o alcance da língua, mas não. É totalmente natural. Sem cirurgia, sem vaca. E eu sei disso graças ao Google.

Mas não tinha Google, Wikipedia, iPhones, Facebook, Instagram e sei-lá-o-que-mais naquela época. E graças a isso, o rock teve bem mais do que aqueles 15 minutinhos de fama. Graças à falta de tanta tecnologia de informação, lendas nasceram para – por mais que saibamos as tristes verdades – ficar no coração, na mente e na memória dos fãs.

Então, voltando ao assunto, me desculpe se acabei com as tuas esperanças de ver o rock voltar a ser o que um dia foi. Mas você não está assim tão sentido, afinal você já se acostumou a todos os luxos que vieram com a velocidade de informação. Alguns de nós nem saberiam mais viver sem certos benefícios destas novas tecnologias.

Bom, acho que Roland de Gilead estava certo quando afirmava que “o mundo seguiu adiante”. E o Mundo, meu caro, o Mundo não espera por ninguém. Nem mesmo pelo bom e velho Rock’N Roll.

Lead Belly por Luciano Ribeiro – http://papodehomem.com.br/lead-belly-homens-que-voce-deveria-conhecer-36/

IMPORTANTE – Os textos publicados nesse blog são de inteira responsabilidade dos seus autores em termos de opiniões expressadas.


Uma pausa merecida…Pausa justificada

por Victor Moletta

hora da pausa...

hora da pausa…

Olá. Não sei quantas pessoas leem esse blog, mas para vocês que estão aí, muito prazer! Foi-me pedido pra escrever por aqui e… bom, nunca fui muito bom nisso mas… estamos aí. Ah! Prazer, Meu nome é Victor.
Nada mais sensato que meu primeiro texto ter esse título, e falar exatamente sobre isso: uma pausa para o café.

Há alguns anos, quando eu ainda estava na faculdade (alguns MUITOS anos, diga-se de passagem) um professor nos deu uma lição de vida que vai ser difícil esquecer.
Ele pegou algo como uma grande jarra de plástico transparente e disse o seguinte: “Imagine que a jarra é a sua vida, e o espaço dentro dela é o seu tempo. Você precisa preenchê-la, com tudo aquilo que faz dela a sua vida. O que você colocaria primeiro?”

Todos começamos a falar: “a faculdade, o emprego, a família, os amigos…” E aquilo virou uma bagunça porque ninguém entendia mais nada. Ele começou a tirar objetos de uma bolsa enquanto falávamos e, aos poucos, fomos nos aquietando.
Ele colocou sobre a mesa bolinhas de tênis de mesa, bolas de gude, aquelas bolinhas de chocolate que colocávamos no açaí (chocoball, eu acho…), e um saco de areia.

– O que vocês têm que entender – ele começou –, é que o que há de mais importante sempre tem que vir primeiro. “First things first”, como dizem os americanos.

Então começou a despejar as bolinhas de tênis de mesa na jarra. “O mais importante é e sempre será a sua família. Você pode brigar, sair de casa, gritar. Mas aqueles em quem você sempre pode

confiar são eles: seus pais, irmão, irmã, avós e uma infinidade de primos que foram seus primeiros amigos, e também os últimos, eu garanto.”

Enquanto falava as bolinhas iam caindo e se acomodando dentro da jarra. Então ele pegou as bolinhas de gude: “Se vocês começassem com essas aqui, vocês acham que as maiores caberiam?” As bolinhas de gude começaram a cair na jarra, e elas iam preenchendo o espaço deixado entre uma bola de tênis de mesa e outra. “Estas são as sua preocupações. Trabalho, estudo, trazer dinheiro pra dentro de casa. Mas elas nunca devem ser colocadas na frente das bolinhas maiores.”
Ele pegou as bolinhas de chocolate, colocou uma na boca e sorriu: “Estes são os seus amigos. É claro que eles são importantes, e é sempre muito bom estar com eles. Mas se as bolinhas de chocolate entrassem na jarra primeiro, não teria espaço para a família e nem para as responsabilidades.” Assim como as bolinhas de gude, essas também foram preenchendo o espaço que havia entre as maiores, e agora sobrava pouquíssimo espaço na jarra.

– E agora vem você. Eu sei que muitos aí vão discordar e dizer que os amigos deveriam estar aqui, e esta deveria ser a penúltima, mas não. Sempre que você tiver a oportunidade de estar entre bons amigos, aqueles amigos mais fiéis, e isso pedir apenas o sacrifício da areia, esteja com eles. Eles são muito importantes. A areia é você. É seus momentos sozinho. Quando você vai dedicar um pouco do seu tempo ao seu hobby, a lavar o carro, a desenhar, escrever, cantar, praticar esportes, jogar videogame. Se você faz algo que ama, por hobby, nunca esqueça disso. Isso tem que estar presente na sua vida, como a areia na jarra.

Despejando a areia, esta foi ocupando tudo o que sobrava do espaço. E novamente o comentário: “Se você começasse pela areia, mais nada caberia na jarra.”
– Mas há uma coisa muito importante aqui – ele pegou a garrafa térmica na qual sempre levava seu café, e começou a despejá-lo na jarra – não importa o quão pesado tenha sido o seu dia: se você ajudou seu irmão mais novo com algum problema, trabalhou o dia todo, passou na casa da sua mãe só pra deixar-lhe um beijo, foi para a sua corrida no fim da tarde, fez uma festa surpresa pra um amigo – e a areia ia absorvendo o líquido, impedindo que a jarra transbordasse.bebendo café

 – Você precisa lembrar que sempre haverá tempo pra uma Pausa Pro Cafeh.


Pela Fresta do Tempo… Um Minuto de Silêncio

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por Rony Santos

O artista se move em silêncio e consegue, depois, quebrá-lo. As risadas são muitas, os aplausos grandiosos.

O silêncio pelo silêncio não seria importante, o que importa é sua ruína. Porque faríamos um minuto de silencio se não fossemos quebrá-lo após 60 longos segundos? Após um momento constrangedor vem a pausa. E o sábio, ou melhor, amigo constrangido, destrói esta vaga vazia de palavras e sons, com qualquer bobagem que nada tenha a ver com o assunto anterior.

As pessoas fazem silêncio pelos mais variados motivos: dor, respeito, amor, luto, medo, tristeza, falta de atitudes, descaso (este vem acompanhado de cara feia) e vários outros. O incrível é que pelos mesmos motivos são feitos “barulhos” tremendos.

No silêncio da alma amargurada, do esconderijo de amantes ou mesmo de meu quarto enquanto durmo, (isso mesmo, eu não ronco), o que mais se busca é também uma forma de expressão, creio eu, é paz. Não, não falo da paz mundial, e sim de paz de espírito. Não a religiosa, mas aquela que cada um de nós busca para descarregar os problemas da vida. Nem que seja um minuto do dia.

O silêncio que muitas vezes mostra a tristeza, dor, perde, deve ser usado exatamente no oposto, afinal já dizia o velho ditado: “Quem, fala, fala, fala, às vezes não quer dizer nada”.

Escrevo estas linhas porque me perdi no tempo, na falta de silêncio, nesse minuto gigantesco de vida onde sucumbi com uma pergunta fácil, mas ao mesmo tempo assustadora. O que é o silêncio?

Pare um minuto e pense, não precisa responder. Um minuto de silêncio e você pode voltar para a coisa barulhenta, que chamamos de vida.

 

 

texto publicado originalmente no Caderno Outra Pauta – 25/08/2008


Cadê o poeta de rua?

Por Rony Santos

Ninguém definiria melhor o que eu procurava em Cascavel do que o poeta, jornalista, judoca, pichador e paranaense Paulo Leminski. Em maio de 1988, ele apresentava uma matéria para o Jornal de Vanguarda, exibido pela Bandeirantes, e comentou a respeito de “um tipo de bandido urbano que não produz feridas, produz letras: ‘o grafiteiro’”, enquanto ele mesmo, apaixonado por esse tipo de arte, pichava um muro com os seguintes dizeres:

Quem tem Q.I., vai.

O céu era de um azul límpido; o sol, escaldante. Passos curtos e rápidos. Dia quente. Inferno, penso. Ao passar por um muro branco, vejo em negro uma inscrição que de poético não tem muito, mas cuja carga emotiva é tão grande que qualquer garota mais romântica daria um suspiro.

BIANCA T AMO D+!!!

Se ainda for como na época em que fui adolescente, há muito, muito tempo, essa Bianca deve morar perto, imagino. Olho para os lados procurando algo que pudesse complementar o que li no muro. Quem sabe outra inscrição no maior estilo “casa da Bianca”, mas não vejo nada e continuo a caminhar.

Caminho apressado, mas pensativo, em minha mente vem a imagem de um garoto chegando furtivamente até o muro e balançando a latinha que produz um barulho inconfundível. A bolinha de ferro que fica quicando para todos os lados e o som do spray saindo… sssshhhhhhhhhhhh…

Logo chego a casa que o endereço no meu mapa dizia ser a que eu procurava. Residência de classe média, grafiato na cor pêssego na entrada e janelas com uma espécie de contorno branco. É lá que encontro o simpático e conversador Joarez, que me espera no portão com uma camiseta cinza, um shorts surfista vermelho com flores brancas e chinelos de dedo. Confesso ter invejado as roupas leves num calor de calça jeans e camiseta escura. Me senti até um pouco importante por ele me esperar no portão, mas provavelmente era por causa de meu ligeiro atraso (cheguei quatro minutos depois do combinado). Feitos os devidos cumprimentos, o artista plástico prontamente me levou para dentro de casa em um escritório pequeno ao lado da garagem e me mostrou alguns dos trabalhos dele no computador.

Entre uma foto e outra, pergunto quando ele iniciou a carreira de grafiteiro. Ele, sempre sorridente, fica pensativo por um instante e me conta que nem sempre mexeu com grafite. Já foi letrista, pintor de quadros, uma espécie de “decorador”. Hoje ele vive principalmente de peças que faz para lojas de festas de aniversário infantil em que usa, além do grafite, outras técnicas de pintura em painéis de tecido e painéis em MDF.

Joarez começou cedo a carreira artística. Aos 13 anos, fez as primeiras pinceladas em muros e fachadas de empresas pintando letras com os nomes das lojas do comércio da cidade.

– Eu sempre dava um jeito de oferecer para o cliente um desenho junto com as letras pra que eu pudesse pintar algo mais.

O artista plástico, que é casado e tem dois filhos, passou de letrista de muros a pintor de telas e mais para frente tornou-se grafiteiro. Usa hoje todas as técnicas que aprendeu para compor os trabalhos, mas prefere a grafitagem ou a aerografia, pois o que chama atenção das pessoas são essas cores que se misturam uma à outra. A diferença entre as duas técnicas está na ferramenta utilizada; enquanto os grafiteiros usam as latas de spray, Joarez utiliza uma pequena pistola chamada aerógrafo. Aprendeu também a usar a pistola de pinturas (que originalmente é utilizada para pintar carros) para que o efeito ficasse parecido com o estilo de pintura do grafite.

– Aprender você sempre tá aprendendo. Eu trabalho mais com visualização.

Foi o que ele me disse ao comentar que fotografa todo o trabalho que acha interessante quando está em viagem, até mesmo quando esta é uma viagem virtual. A técnica com a pistola grande bem como tantas outras ele aprendeu na Internet, em fóruns de discussão ou vendo vídeos de outros artistas pintando. É graças também à Internet que ele aumentou sua produção, pois, ao expor os trabalhos no endereço virtual que mantém (martinelliart.vilabol.uol.com.br) ou mesmo no Orkut, aumentou a visibilidade do que produz. Várias pessoas conhecem os trabalhos dele e fazem pedidos. Hoje ele tem encomendas das lojas de todo o Brasil e até mesmo da Itália.

– No Orkut eu coloco bastante foto, porque no site, se você coloca muito, ele dá uma pesada, né? Daí já no Orkut eu atualizo ele direto.

Os clientes mais comuns, entretanto, são mesmo a própria família. Joarez me contou que antigamente não podia sobrar um pouco de tinta que lá estava ele repintando os quartos dos garotos, a garagem e a área ao redor da lareira, cuja paisagem de cachoeiras, confessou, é a preferida dele.

Além de pintar a própria casa, típico de um artista plástico que gosta do que faz, ele usa as técnicas que aprendeu em mais de 30 anos de carreira para realizar diversos trabalhos. Já pintou de tudo um pouco: capacetes, guitarra, muros, painéis luminosos, uma bateria que arrisca tocar de vez em quando em seu estúdio de trabalho e até mesmo a capa de um livro de poesias de um artista paulista.

– Lembro quando eu tive que grafitar uma Fiorino novinha que o dono tinha acabado de retirar da loja. Ele trouxe aqui e falou, grafita aí! E eu perguntei você tem certeza? O carro era novinho, dá um certo medo, né?

Perguntei a ele se os pais dele sempre aceitaram que ele fosse um artista plástico desde tão cedo e Joarez me contou que o pai sempre quis que ele seguisse a mesma profissão: eletricista. Disse ao filho que dava mais dinheiro. Joarez começou a trabalhar para o pai, mas não desistiu do sonho. Com o dinheiro que ganhava, foi comprando materiais e se aprimorando. Isso, no entanto, não impediu que ele aprendesse o ofício do pai. Enquanto contava a história, apontou orgulhoso para casa onde mora e me contou que toda a parte elétrica foi feita por ele mesmo.

Com a mãe, foi um pouco diferente.

– Minha mãe passou lá na frente (da loja Pequeno Anjo) e perguntou o que é que eu tava fazendo ali? E eu: ‘Ah, tô fazendo uns desenhos’. Ela entrou e olhou: ‘Mas quem é que tá fazendo isso aí?’ e eu novamente falei: ‘eu’. Ela olhou toda admirada e exclamou ‘Ô louco, nem parece que é você!’ Minha mãe!

Conheci o estúdio onde os trabalhos são produzidos e o vi pintar um pouco. Como hoje seus trabalhos são para festas infantis, o artista me falou que começou a assistir mais desenhos animados com os filhos, pois precisa conhecer o que é tendência no mercado para o qual produz seus trabalhos. Falando em filhos, pergunto aos garotos se algum deles quer seguir a profissão do pai e o mais novo diz que está aprendendo a dar os primeiros traços. O mais velho quer trabalhar com Internet, mas nada longe da área gráfica. Parece que a paixão pelas artes é de família.

Questiono se ele sente vontade de ensinar como se grafita aos outros e ele me conta que até ensina um rapaz que de vez em quando vai lá, mas que não o faz porque falta tempo. Tempo esse que também falta para que ele exponha os trabalhos.

– Tô bem ocupado agora. Com muitas encomendas. Até dá vontade, mas não tenho tempo agora.

A conversa durou um bom tempo e, ao nos despedirmos, prometi acompanhá-lo no fim de semana, quando ele grafitaria um trailer (infelizmente, ele adoeceu no fim de semana e o trailer ficou para outra oportunidade).

Saí um pouco preocupado com o horário e novamente me coloquei a caminho de meu destino andando apressado. O sol não estava tão forte quanto há algumas horas, mas meu sentimento ainda era o de “liguem o ar-condicionado do mundo!”.

Andando depressa e pensando em tudo o que tinha visto e ouvido, a possibilidade da arte por todos os lados, todas aquelas formas de se produzir grafite. Tudo muito legal, mas sinto falta de algo ainda. Passo novamente e reparo nos dizeres do muro branco: imagino que o dono do muro não tenha ficado tão contente como a dita cuja da Bianca.

Humm… É isso! É isso que falta – exclamo em pensamento –.

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A busca por um poeta contraventor já quase extinto em Cascavel, o grafiteiro

Cadê esse grafiteiro? Tatuador de rua que todos chamam de vândalo!

Esse era o personagem que eu também queria encontrar! Justamente o que não encontrei.

Em minha busca por grafiteiros, encontrei um artista que ganha a vida com sua arte, mas de maneira comercial. Ainda sentia a falta de outro personagem, aquele de que Leminski havia falado em sua matéria, o bandido urbano.

Em minhas buscas pela Internet, descobri que existem verdadeiros Picassos e Michelangelos que se expressam por meio de tintas, carvão, giz, e que produzem por horas poesias e pinturas urbanas e depois deixam uma simples chuva apagar tudo. Mas não descobri nenhum desses aventureiros,

quase bandidos, aqui em Cascavel.

Não me entendam mal. Joarez é um verdadeiro artista grafiteiro, mas minha busca vai além. Procuro ainda aqueles que se arriscam na clandestinidade, pois quando se fala de grafitagem logo as pessoas pensam no muro do vizinho que foi tatuado com palavras chulas e desejos incompreendidos, verdadeiros gritos de liberdade artística.

Mas não achei nenhum poeta incompreendido, pichador de sentimentos, com exceção do apaixonado por Bianca, e dele eu só encontrei as palavras eternizadas em um muro.

Por que será que não encontro esse tipo de artista marginalizado pelos muros de minha cidade?

Será que faltam pessoas para escrever e desenhar nos muros de Cascavel ou falta-lhes o que escrever? Eu mesmo já peguei algumas vezes um spray na mão, mas sinceramente me falta coragem de fazer qualquer coisa. Acho que não tenho a tenacidade exigida a um poeta marginal.

Esse sentimento em que alma de poeta em corpo de marginal desenha sentimentos em muros, prédios; que remete às vezes que escrevia declarações com giz nas ruas para impressionar as garotas; essa vontade de botar a boca no mundo de forma silenciosa e bonita, o grafite bandido, eu não achei! Ainda estou à

procura.

Sol azul, sol não tão forte, calor ainda insuportável. Inferno, penso novamente. Minha mente agora se vê dividida entre a grafitagem comercial e o muro branco com dizeres em preto. E se fosse eu com uma latinha? Ah! Claro que eu… ou não… será?… Sssshhhhhhhhhhhh

Palpite

o graffiti

é o limite

Paulo Leminski

Texto originalmente publicado no blog http://cantodacultura.wordpress.com no dia 03/11/2009.


Trinta minutos para a mágica

NIKON D7000 lente Nikkor 18-105mm

O vulto da bela

Há muitas definições para a sentença “Hora Mágica”.

Para alguns essa hora é a hora em que olhares se cruzam e o amor surge. Ou em um casamento quando o noivo e a noiva trocam sim. Para o cara que ganhou na Mega-Sena a magia está na hora de conferir os números…Eu poderia fazer um post apenas com momentos que poderíamos definir como horas mágicas, mas esse texto é a respeito de um momento que também é conhecido como Hora Dourada e Hora de Ouro.

Esse momento no tempo é um singular de luz que muitos fotógrafos consideram como perfeita. Trinta minutos antes e trinta depois do nascer do sol e trinta antes e depois do Pôr do sol (o tempo difere de estação do ano e até mesmo local onde se está fotografando) a luz fica mais difusa. Os tons partem do amarelo ao avermelhado o que deixa um efeito de beleza único para as fotos, isso sem contar que há um contraste e sombras especiais e por todos esses momentos juntos a magia acontece nessa hora.

Essa parte de tempo em especial é usado por muitos fotógrafos e cineastas para criarem trabalhos em cima de paisagens. Pelo menos 90% das fotográficas com paisagens que você vê em revistas como a National Geografic foram tiradas nessa hora.
Nada impede de cada um ousar e tirar fotos de pessoas e animais também! O que importa é o resultado que em geral traz uma certa harmonia e beleza singulares na foto.
Eu amo fotografia. Não tenho uma câmera profissional ainda, mas nada me impede de fotografar o melhor que minha máquina fotográfica (um tanto limitada, mas ainda assim de ótima qualidade) permitir.

Há uma magia maravilhosa em eternizar um momento trabalhando com incidência de cor, luz e uma pitada de talento.
Uma troca de olhares, um sim, podem ser momentos mágicos na vida de todas as pessoas. Nem todas têm o prazer de acordar mais cedo e fotografar por alguns momentos lembranças que ficaram eternamente em sua mente e arquivo cibernético.SONY Cyber-shot DSC-H10